Mulher está presa acusada de matar a própria filha de nove anos
A mãe de Kerollyn Souza Ferreira, nove anos, encontrada morta dentro de uma lixeira em Guaíba, teria admitido à Polícia Civil que medicava a filha com calmantes. Em depoimento, Carla Carolina Abreu Souza, 30 anos, teria confessado que medicou a menina com sedativos na noite anterior a morte. Kerollyn teria sido dopada com o medicamento clonazepam, também conhecido como Rivotril.
O remédio é um ansiolítico com propriedades que inibem as funções do sistema nervoso central. A indicação do tratamento é para distúrbios como ansiedade, transtorno generalizado, síndrome do pânico, inquietação, entre outros. A compra só é possível por meio de receita médica, porque a droga gera dependência. Em caso de consumo em excesso ou mistura com outros químicos, há riscos de intoxicação.
Carla Carolina está presa temporariamente. Ela nega o homicídio, mas é considerada a principal suspeita da morte da própria filha. Na última sexta-feira, 9, o corpo da criança foi encontrado por recicladores dentro de um contêiner de lixo, no bairro Cohab Santa Rita.
A mulher teria dopado a filha em casa, por volta das 22h de quinta-feira, 8. Ainda conforme relato dela, ao acordar na manhã seguinte, a criança não estava mais no imóvel. Ela disse ter ficado surpresa quando policiais foram até a porta da residência para informar que o corpo da filha havia sido localizado no lixo.
Quando questionada o porquê de drogar a filha, a mãe teria citado um suposto comportamento agressivo da menina como justificativa. A mulher alegou que a criança surtava, ficava violenta e parecia “endiabrada”, além de agredir os outros irmãos, de três, cinco e 13 anos. Na versão dela, era preciso dopar a menina, mesmo sem acompanhamento médico, para acalmá-la.
Conforme os policiais que atenderam a ocorrência, apesar do suposto desaparecimento da criança, a mãe não demonstrou surpresa quando foi informada sobre a localização de um cadáver que poderia ser o da filha. Sem expressar tristeza ou choque pela possível morte, ela ainda teria demonstrado raiva por ser considerada suspeita.
Vizinha relatou ter acionado Conselho Tutelar mais de 20 vezes
A Promotoria de Justiça de Guaíba solicitou ao Conselho Tutelar do município um relatório completo sobre a atuação do órgão no atendimento à menina. Vizinhos e familiares da criança relataram à polícia que Kerollyn vinha sendo vítima de uma série de violências e negligências por parte da mãe. Uma vizinha confirmou ter acionado o Conselho Tutelar 20 vezes em uma das oportunidades. O relato apresentado à Polícia Civil é de que a criança costumava circular pelo bairro sozinha, com fome, pedindo comida e demonstrava carência afetiva. Também foi relatado que, em muitas noites, Kerollyn dormia em um carro abandonado.