Trabalhadores atuavam em propriedade rural, no corte de eucaliptos; responsável foi preso
Quatro trabalhadores vindos da Argentina foram resgatados neste sábado, 1º de abril, em condições de trabalho análogas à escravidão em Nova Petrópolis. No grupo estava um adolescente de 14 anos, que trabalhava junto com o pai. Eles prestavam serviços em uma propriedade rural e atuavam no corte de eucaliptos para a produção de lenha. O responsável por eles foi preso. A descoberta do caso começou quando dois homens, de 24 e 45 anos, procuraram o Batalhão de Polícia Militar em Bom Princípio (RS), distante cerca de 40 quilômetros de Nova Petrópolis, após serem abandonados pelos empregadores.
De acordo com o gerente do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) da Serra, Vanius Corte, a dupla chegou à cidade da Serra em agosto do ano passado e os outros dois, pai e adolescente, no início de março deste ano. Aos agentes, eles relataram que seriam pagos apenas no fim do serviço, mas, desde então, nunca receberam salário pela função que desempenhavam, sendo fornecidos apenas recursos para alimentação. “Foi uma situação bem ruim, porque na verdade eles não tinham alojamento, estavam acampados. Era uma barraca de lona, sem água potável, sem banheiro, sem cozinha. Comida eles faziam em uma chapa em cima de umas pedras. Mínimas condições, nada adequado. Ficou completamente caracterizada essa condição degradante do trabalho pelo próprio local onde eles viviam enquanto trabalhavam”, destacou Corte.
Segundo Vanius, os trabalhadores que são do Norte da Argentina, entraram ilegalmente no Brasil e, por isso, precisam retornar ao país vizinho. O MTE afirmou que está em contato com o governo da Argentina para viabilizar o retorno. Ainda conforme o gerente, diferente de outros casos recentes, os trabalhadores chegaram à Serra por conta própria, sem contato prévio por intermediador. A partir de agora, o órgão irá auxiliar para que os envolvidos recebam os pagamentos em atraso. Eles estão em Caxias do Sul e foram abrigados em um alojamento disponibilizado pela Fundação de Assistência Social (FAS). Já o responsável pela propriedade, foi detido em flagrante e conduzido para sede da Polícia Federal em Caxias do Sul, sendo posteriormente conduzido ao sistema prisional, onde permanece à disposição da justiça.