Operação da Denarc atua contra esquema de facção gaúcha
A Polícia Civil, por intermédio da 3ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico e da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), na manhã desta segunda-feira, 12, deflagrou a Operação Consortium, no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, com a finalidade de desmantelar organização criminosa voltada ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Noventa e seis ordens judiciais foram cumpridas nas cidades de Porto Alegre, Gravataí, Cachoeirinha, Esteio, Estância Velha, Novo Hamburgo, Tramandaí, Osório, Charqueadas, Viamão, Canoas, Soledade, Pelotas, Passo Fundo e Cruz Alta, além dos Estados de SC e PR. Na ação, 14 pessoas foram presas e apreendidos cerca de R$ 300 mil em esmeraldas, R$ 7 mil em espécie, 4 veículos de luxo, além de armas e munições.
O total movimentado pelos dois Núcleos Criminosos pode chegar a R$ 104 milhões, com 93 investigados. Estão sendo sequestrados/indisponibilizados imóveis, veículos, contas bancárias, ativos na bolsa de valores, dinheiro em espécie, que podem chegar a R$ 5 milhões de reais.
O núcleo identificado na Lavagem de Capitais, após meses de análises bancárias, financeiras, fiscais, telemáticas, extração de dados telefônicos e diligências externas, concluiu que os traficantes, com atuação a nível de atacado, atuavam em várias cidades do RS, com conexões também em Santa Catarina e Paraná na parte logística e lavagem de capitais.
No sistema financeiro, utilizavam técnicas de dissimulação para burlar fiscalizações contábeis e rastreios dos ativos, seguidos de pulverização entre gerentes financeiros e laranjas. Eles utilizavam muitos cheques para pagamentos e descontos com outro operador financeiro de vulto da quadrilha, um empresário identificado também na Operação Erga Omnes, atualmente preso. Os pagamentos ao empresário/operador financeiro eram feitos por laranjas dos traficantes, bem como em alguns casos diretamente por eles.
A investigação apurou ainda a posse de carros de luxo como Porsches, bem como lanchas, com uso de cadeia de procurações, dissimulando a real propriedade de bens. Um dos líderes ainda ensinava outros comparsas a como “lavar dinheiro”, captados nas interceptações telemáticas.
Comprovou-se ainda a alta especialização da quadrilha, pois lançam mão de laranjas e operadores em sua maioria sem antecedentes e usando comerciantes, empresários, além de parentes próximos. Nas empresas reais e algumas de fachada, mesclavam ilícitos para conta de passagem, gerando confusão patrimonial proposital no fluxo de valores com suas pessoas físicas, com finalidade de ocultação, bem como dissimulavam nos contratos sociais alguns funcionários como sócios, para o empresário/operador financeiro também utilizar a conta bancária destes para o branqueamento.