Empresário comenta que concessionária fará pouco investimento e problemas do trânsito não serão solucionados
O empresário João Fernando Silvestrin, diretor administrativo da Silvestrin Frutas, fez uma série de críticas sobre os futuros pedágios que vão cercar a Serra Gaúcha. Seu maior apontamento é a falta de investimentos nas rodovias. “Alguns empresários e entidades foram a favor, mas esse modelo é muito ruim, porque reverte muito pouco para o cidadão. Pouco mais de 20% do que se paga será revertido na estrada”, explicou, lembrando que outras praças pelo estado devolvem até 90% do valor recolhido dos motoristas.
Silvestrin salientou que o modelo aprovado pelo governo não vai solucionar os problemas de trânsito em Farroupilha, e que a falta de segurança vai continuar. “A parte mais triste é que quase não estão previstas obras. Uma duplicação simplória com rótulas e placas de 40 e 50 por hora. Essa é uma duplicação da morte, é forte dizer isso, mas é verdade, nós vamos recolher mortos em Farroupilha”, avalia.
O empresário comenta que não estão previstas a eliminação do semáforo do Trevo do Santa Rita, mudanças na entrada do bairro Industrial, nos acessos na Linha Julieta, no trecho da RSC-453 em frente à Máquinas Sazi, além de permanecer uma estrada truncada para Caxias do Sul. “Nos próximos 30 anos não vai ter obras”, lamenta.
O único ponto onde a concessionária fará algo será no entroncamento entre a ERS-122 e a RSC-453, próximo da Tramontina, onde segundo Silvestrin, uma alça de acesso será construída. Porém, ele reforça mais de uma vez que apenas rótulas e placas de baixa velocidade serão instaladas na maioria dos lugares, o que não solucionará o trânsito. “Pareceu que o pessoal era tão a favor do pedágio e não sabiam o que estavam comprando, e agora está aqui o pacote”, afirma.
Além do trânsito continuar ruim, o impacto será sentido na economia, sobretudo no transporte de cargas e logística, que desencadeará em aumento de preços. “Uma carreta para ir e voltar de Porto Alegre custará 150 reais, e para ter o que? Rótulas alongadas”, questiona.
Prefeitos de cidades do Vale do Caí tentam pressionar para que o governador Ranolfo Vieira Júnior não assine o contrato. Eles foram recebidos pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdeci Oliveira (PT). No entanto, o governo estadual não demonstrou sinal de que pode rever o contrato.