Ela sofreu um infarto agudo do miocárdio
A atriz Léa Garcia morreu nesta terça-feira, 15, aos 90 anos, após sofrer um infarto agudo do miocárdio. Ao lado de nomes como Ruth de Souza e Zezé Motta, foi uma das primeiras atrizes negras da televisão brasileira, e uma das maiores expoentes da cultura afro-brasileira.
A morte foi anunciada por seus familiares no Instagram: “É com pesar que nós familiares informamos o falecimento agora na cidade de Gramado, no Festival de Cinema de Gramado, da nossa amada Léa Garcia”.
Ela seria homenageada na noite de hoje, no festival de cinema onde receberia o Troféu Oscarito, mais tradicional homenagem do Festival de Cinema de Gramado, com Laura Cardoso. A atriz estava em Gramado desde sábado e assistiu a sessões dos filmes “Retratos Fantasmas” e “Tia Virginia”. Caio Blat, um dos curadores do festival, relembrou os últimos momentos da atriz em conversa com Splash: “Estou em choque, ela estava animadíssima na sessão de “Tia Virgínia” [no domingo à noite], comentando todas as cenas. Ao mesmo tempo, é uma despedida de cinema, sendo ovacionada e homenageada. Acho que os gigantes da nossa profissão gostam de partir em movimento. Gostam de viver o cinema até o último instante. Ela é imortal, inesquecível, abriu caminhos, precursora da representatividade que hoje ainda se busca”, lamentou.
Léa ficou famosa no Brasil após interpretar Rosa em “Escrava Isaura” (1976). Antes, no entanto, ela já havia representado o país no cinema internacional: interpretou Serafina em Orfeu Negro (1959), que venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e fez Léa ser indicada ao prêmio de Melhor Interpretação Feminina em Cannes.
Além de pioneira, Léa se dedicou a fomentar o cinema negro brasileiro ao longo da vida. Como roteirista, adaptou para as telas textos de autores negros como Cidinha da Silva, Luiz Silva Cuti e Muniz Sodré. Ela também participou de produções feitas por pessoas negras que colocavam temas raciais no centro do enredo, como “As Filhas do Vento” (2005).