Procedimento ocorreu nesta quinta-feira e paciente se recupera bem
O Hospital Beneficente São Carlos realizou a primeira cirurgia de Parkinson em Farroupilha. O procedimento realizado na manhã desta quinta-feira, 1º de dezembro, foi conduzido pelo neurocirurgião Dr. Paulo Roberto Franceschini, junto aos colegas médicos Dr. Fernando Alencar e Dr. Marcelo Mattana. O paciente se recupera bem e poderá retornar ao convívio do lar já neste final de semana.
A operação é chamada de Estimulação Cerebral Profunda, ou DBS, da sigla em inglês para Deep Brain Stimulation. Considerada sofisticada, porém de baixo risco, consiste em duas pequenas aberturas no crânio para inserção de eletrodos em alvos profundos do cérebro relacionados ao controle dos movimentos. O tratamento cirúrgico dura de três a quatro horas e o paciente normalmente vai para casa no dia seguinte.
Os implantes ficam por baixo da pele, conectados a um gerador que funciona como um marcapasso cardíaco, na região do tórax, proporcionando a terapia de estimulação elétrica do cérebro. “O procedimento transcorreu muito bem, num paciente que tem em torno de 60 anos e que vinha tendo flutuações motoras incapacitantes, como tremor avançado e controle medicamentoso já no limite. Ele estava tomando remédio para controlar o Parkinson oito vezes ao dia. Com a cirurgia, esse volume de medicação pode ser reduzido em até 70%, dando mais qualidade de vida”, salientou o Dr. Franceschini.
Quando fazer cirurgia?
Apesar de não ter cura, o Parkinson possui um tratamento focado em medicação e terapias multidisciplinares, com fisioterapia, psiquiatria, nutrição, entre outros serviços. “A Doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa ainda sem cura, ocorrendo de forma esporádica na população. Ela diminui a dopamina, importante para o controle dos movimentos. Com essa falta, os pacientes apresentam sintomas motores, como tremor, travamentos (rigidez), e diminuição da velocidade do movimento. Outros sintomas não motores também podem aparecer, como alterações no sono, depressão, constipação e dores”, explica. Conforme o Dr. Franceschini, a cirurgia é reservada para uma parcela menor dos pacientes: em torno de 15 a 20% dos acometidos pelo Parkinson.
Franceschini ressalta que a operação não é a cura, mas é uma forma muito efetiva de ajudar pacientes que têm efeitos colaterais, auxiliando o tratamento clínico. “A gente consegue restabelecer o controle dos sintomas motores, soltar o movimento, ganhar velocidade e qualidade de vida”, concluiu.
Mais cirurgias
O Hospital São Carlos já possui certificação de alta complexidade para operações de coluna e de média complexidade para operações de crânio. “Estamos estruturando cada vez mais o serviço de neurocirurgia para, no futuro, termos alta complexidade em crânio. Equipamentos nós temos e condições também. A partir do momento em que realizamos o primeiro caso assim, é o que percebemos em outras localidades: o movimento é referenciado e as coisas acontecem cada vez mais”, estima o médico.