Conforme reportagem do portal InfoMoney, exportações despencaram 50% no 2º trimestre e pesaram no balanço
A Grendene vendeu 15,4% menos calçados no segundo trimestre deste ano, aponta reportagem do portal InfoMoney. Apesar de a receita bruta por par ter subido 8,1%, devido principalmente ao reajuste de preços no mercado interno, a receita líquida caiu 10,4% na comparação anual (de R$ 517,2 milhões para R$ 463,6 milhões).
Com isso, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização) recuou 13,1%, de R$ 28,0 milhões para R$ 24,3 milhões, e o lucro líquido da companhia foi 12,9% menor (uma redução de R$ 65,7 milhões para R$ 57,2 milhões entre o 2T22 e o 2T23).
O grande “vilão” do resultado da empresa farroupilhense, dona das marcas Melissa, Rider e Ipanema (e tem o licenciamento de marcas como Azaleia e Mormaii), foram as exportações. Segundo o portal, o resultado só não foi pior devido à estabilidade da receita no mercado interno, com o repasse de preço, e à melhora da margem bruta, que aumentou 6,7 pontos percentuais (de 34,2% para 40,9%).
“Foi um trimestre bem complicado. O segundo trimestre foi um primeiro trimestre piorado”, resume o diretor financeiro e de relações com investidores, Alceu Albuquerque, ao InfoMoney. O executivo, no entanto, projeta uma segunda metade do ano mais positiva.
“O segundo semestre é o mais importante para nós, é quando vendemos 60% do nosso volume. A inflação começou a recuar de forma consistente, os juros começaram a cair, o desemprego vem melhorando… Tudo contribui para um aumento da renda do consumidor, o que deve impactar o consumo”, afirma Albuquerque. “Sabemos do cenário desafiador, mas vemos um semestre positivo”.
Albuquerque atribui os números ruins do segundo trimestre ao cenário macroeconômico. “A inflação continuou, apesar da desaceleração, o desemprego continuou elevado e as taxas de juros ainda estavam elevadas. Tudo isso acabou afetando a renda do consumidor final, prejudicando o consumo. Além disso, o varejo tem passado por um período difícil – não só o setor de calçados”.
Ele diz também que o inverno mais ameno afetou indiretamente a companhia, apesar de a Grendene ser focada em “produtos de calor” (como chinelos e sandálias), porque a queda nas vendas do varejo em geral afetou o capital de giro dos lojistas. “Tanto é que o desempenho do sell-out foi positivo, cresceu 4,8%, mas o sell-in – o que a gente vende para o lojista – recuou 4,5%. Então o lojista vendeu mais produtos da Grendene do que comprou e está com menos estoque dos nossos produtos”.