Carlos Alberto Sandoval concedeu entrevista para a Spaço FM
O advogado Carlos Alberto Sandoval concedeu uma entrevista na manhã desta quinta-feira, 12, antes de iniciar o júri popular dos acusados de matarem o casal Lonia Gabe, 67 anos e Antônio Celestino Lummetz, 59, em Rolante em 2014. Sandoval explicou que seu cliente, Ronaldo Behnck Justo, teria dado uma carona e emprestado um carro para os envolvidos de fato no crime. “A participação do Ronaldo é de grau pequeno”, alegou. O advogado ressaltou que está no processo desde o início e seu cliente responde apenas pelos crimes de sequestro e cárcere privado. “Ele merece toda a defesa possível e vou me empenhar muito para que ele saia livre disto”, finalizou.
Crime
Lonia e Lummertz moravam em um sítio na cidade de Vale do Sol. O sequestro ocorreu na noite de 2 de fevereiro de 2014, por volta das 22h. A Polícia Civil foi informada sobre o desaparecimento na manhã seguinte, por meio de uma sobrinha de Lonia.
As vítimas foram levadas para uma casa em Rolante e mantidas em cárcere privado por cinco dias. Depois, foram estranguladas e tiveram os corpos incinerados.
No local onde o casal foi mantido refém, a polícia encontrou, enterradas no pátio, peças do carro que pertencia ao casal, anéis e outros pertences de Lonia, além do componente da perna mecânica usada pelo idoso.
Motivação
A mandante do crime foi identificada como Marli Machado Martins. Conforme o Ministério Público, Lummertz havia sido testemunha de um homicídio praticado por Marli em Torres em 1999. Ela foi condenada a mais de 12 anos de prisão pelo assassinato do cunhado, mas respondia em liberdade. Conforme a Polícia Civil, o objetivo era herdar o dinheiro do seguro dele, avaliado em R$ 200 mil. O autor do homicídio seria um homem indicado por Lummertz, que tinha conhecimento do plano.
Para tentar reverter sua condenação em júri popular, a mulher planejou as mortes do casal e contou com o auxílio de Ronaldo, Anderson e outras três pessoas. No cativeiro, Lummertz foi obrigado a escrever, de próprio punho, uma carta na qual ele a inocentava da acusação e assumia a autoria do crime pelo qual ela havia sido condenada.
Após escrever a carta, ele foi forçado a gravar um vídeo em que reproduzia de viva voz o conteúdo da carta, em cenário montado na casa de Marli. Posteriormente, foi levado até um tabelionato na cidade de Osório, onde foi coagido a reconhecer firma em um documento manuscrito em que declarava ter escrito a carta e gravado o vídeo por livre e espontânea vontade e sem ter sofrido qualquer tipo de pressão.
Após o registro da carta, Lummertz e Lonia foram estranguladas e os corpos foram queimados dentro de uma geladeira no quintal da casa, durante 14 horas. Depois, as cinzas foram jogadas às margens da ERS-474.
Prisões
Seis pessoas foram presas e denunciadas pelo Ministério Público ainda em 2014: Marli Machado Martins e Valdir Ribeiro de Carvalho, além de Michele Martins Justo, Isaías Borges Zvoboda e os farroupilhenses Ronaldo Behenck Justo e Anderson de Oliveira Cardoso.
Os seis denunciados responderão por dois homicídios quadruplamente qualificados (motivo torpe, por meio de asfixia, com recurso que impossibilitou a defesa das vítimas e para assegurar a vantagem e a ocultação de outros crimes), além de sequestro e cárcere privado, roubo duplamente majorado, tortura, falsidade ideológica, ocultação e destruição de cadáver, furto qualificado e formação de quadrilha ou bando.
Conforme o advogado Carlos Alberto Sandoval, Ronaldo é acusado de cárcere privado e formação de quadrilha, assim como Anderson, que também é acusado de roubo. Os dois não teriam participado da execução do casal.