Sheila Ferrarini teve os bens bloqueados a pedido da Advocacia-Geral da União
Uma moradora de Farroupilha é citada em uma autorização do juiz da 8ª Vara Federal de Brasília, Francisco Alexandre Ribeiro, que amplia o bloqueio de bens de pessoas e empresas que supostamente financiaram os ataques realizado no dia 8 de janeiro, na capital federal.
O magistrado acolheu pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) para elevar de R$ 6,5 milhões para R$ 18,5 milhões o bloqueio de bens de possíveis financiadores do transporte de manifestantes para a invasão e depredação de prédios dos três poderes. A solicitação leva em conta os relatórios dos danos apresentados pela Câmara dos Deputados, Senado, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF).
Natural de Caxias do Sul, Sheila Ferrarini, que reside em Farroupilha, teve os bens bloqueados através da Advocacia-Geral da União. Ela é citada como contratante de ônibus da empresa Alex Godoy Transportes Ltda.
Sheila consta, inclusive, na lista de passageiros que viajaram para Brasília. Conhecida pelo nome fantasia Gravatinha Turismo, tem entre os sócios o vereador caxiense Adriano Bressan (PTB), que fez campanha para o ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
Nas redes sociais, Sheila informa que é autônoma e trabalha com terapias integradas, além de ser consultora de recursos humanos em uma empresa de transportes. Ela é Microempreendedora Individual (MEI) e tem registrado em seu nome a empresa Magatanka.
Defesa: Segundo o advogado Maurício Adami Custódio, Sheila esteve na Praça dos Três Poderes, mas não participou dos atos de depredação. Intimada pela Polícia Federal, a suspeita prestou depoimento a um delegado federal de Lages, em Santa Catarina, na tarde desta sexta-feira, 20, durante uma audiência virtual.
Na decisão, o juiz ressalta que “o valor total dos prejuízos causados às sedes dos Três Poderes, segundo a AGU, está estimado, até o presente momento, em R$ 18.503.831,25. Considerando, por fim, que a ré Sheila Ferrarini foi identificada como uma das financiadoras do transporte dos manifestantes antidemocráticos que participaram da invasão e depredação dos prédios públicos na Praça dos Três Poderes, é plausível a tese da União de que ela também possa vir a ser responsabilizada civilmente no futuro, impondo-se que seja submetida também, dado o presumido perigo de demora, aos efeitos do decreto de indisponibilidade já deferido“.
No despacho do magistrado, foi retirado o nome de Terezinha de Fátima Issa da Silva, da lista de financiadores dos atos ocorridos no segundo domingo de janeiro. A moradora de Caxias do Sul acabou associada à empresa Godoy Transportes (Gravatinha Turismo) devido à nota fiscal com o nome errado, enviada para Agência Nacional de Transportes Terrestres (Antt) e remetida à AGU.
O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu na sexta-feira, 20, a análise de 1.459 atas de audiência relativas a 1.406 custodiados. Do total, 942 pessoas tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva e 464 obtiveram liberdade provisória, mediante medidas cautelares, e poderão responder ao processo com a colocação de tornozeleira eletrônica, entre outras ações. Entre os presos há 117 gaúchos, sendo 82 homens e 35 mulheres. Já entre os que conseguiram liberdade provisória, há oito homens e quatro mulheres do Rio Grande do Sul.