Desmonte de rochas pode ter causado abalos; vidros chegaram a quebrar em uma residência
Moradores de diversos bairros e do interior de Farroupilha relataram à Rádio Spaço FM que sentiram tremores de terra na tarde desta quarta-feira, 16. Os abalos teriam ocorridos em dois momentos distintos, por volta das 13h30 e novamente às 15h30.
Os relatos, enviados por WhatsApp, apontam que os tremores foram percebidos nos bairros Pio X, Cruzeiro, Santa Catarina, Nova Vicenza, Belvedere, América, Industrial, Primeiro de Maio, São José, São Luiz, Cinquentenário, Alvorada, Centro, além das localidades de Linha Julieta e Linha Sete de Setembro, no interior do município.
No bairro Industrial, o morador Márcio Gomes informou que dois vidros de uma janela de sua residência se quebraram devido ao tremor ocorrido por volta das 13h30.
O secretário de Obras e Trânsito, Matheus Paim, confirmou à Spaço FM que, na tarde de quarta-feira, foi realizado um desmonte de rochas na pedreira municipal, localizada na área do britador. Segundo ele, a operação pode ter causado os tremores sentidos na cidade. Paim ressaltou que todo o procedimento ocorreu dentro das normas estabelecidas pela legislação vigente.
O empresário e especialista em detonações de rochas, Ivanir Verona, a título de informações sobre o que poderia ter acontecido sobre os tremores sentidos pela comunidade, encaminhou à Spaço FM, uma breve explicação, o porquê isso teria ocorrido.
Confira abaixo:
Com relação ao fato de ontem, temos que considerar alguns aspectos:
Existem dois tipos de vibrações: a que é percebida pelo tremor nas janelas e estruturas frágeis como portas e paredes finas. Essa vibração é decorrente do deslocamento de ar formado pelo elevadíssimo volume de gás gerado no instante em que o explosivo é detonado. A velocidade de geração do gás está na faixa de cinco mil metros por segundo. Portanto, esse volume de gás entrando na atmosfera a uma velocidade dessas, inevitavelmente causará vibrações nas estruturas frágeis. Ressalto que essas vibrações dificilmente causarão danos.
A segunda espécie de vibrações é decorrente da concentração de energia (explosivos) detonados no mesmo instante. Essa vibração poderá causar danos, dependendo dos níveis que atingirem as estruturas.
A NBR 9653 estabelece o limite máximo de alcance nas estruturas em 50 mm/s numa frequência mínima em 40 Hertz.
Com relação ao excedente de ruídos, existem formas de mitigação, utilizando linhas de acessórios silenciosos.
Reitero que ao atuar nessa atividade, temos que, pelo menos, trabalhar quatro componentes essenciais:
1. Aspectos legais
2. Preceitos técnicos
3. Segurança operacional
4. Boas práticas
São consideradas boas praticas todas as medidas de contingenciamento no entorno da área afetada, direta e indiretamente, como: redução de ruídos, poeiras e vibrações.
Em linhas gerais, essa é a contribuição que poderia fazer nesse momento, pois, não tenho informações a respeito da metodologia empregada nas detonações de ontem.
Ivanir Verona