Medida afeta setores estratégicos como armas, couro, calçados e metalurgia
Mesmo com a exclusão de cerca de 700 itens da lista de sobretaxa dos Estados Unidos, o Rio Grande do Sul segue como um dos estados mais atingidos pela medida, com 85% da sua pauta exportadora ainda sujeita à tarifa de 50%. A cobrança adicional, que começaria em 1º de agosto, foi adiada para o dia 6, dando uma semana extra para os exportadores gaúchos buscarem alternativas.
Entre os produtos isentos da tarifa estão suco de laranja, combustíveis, aeronaves civis, determinados metais e madeira, mas esses itens não fazem parte do núcleo da pauta exportadora gaúcha. Setores como armas, metalurgia, couro e calçados seguem sendo os mais prejudicados. A indústria de armamentos, com forte presença no Estado, terá de buscar soluções para manter operações voltadas ao mercado americano.
A estimativa de impacto no Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul caiu de R$ 2 bilhões para R$ 1,5 bilhão em 2026, com as exclusões recentes. Em relação ao emprego, as perdas podem chegar a 20 mil vagas no próximo ano. Atualmente, cerca de 145 mil pessoas estão vinculadas a atividades exportadoras para os Estados Unidos, sendo que 140 mil continuam em setores ainda taxados.
A celulose foi um dos poucos itens relevantes para o Estado que ficaram isentos, mantendo cerca de R$ 150 milhões anuais em exportações. Já móveis e madeira, apesar da exclusão inicial, seguem em avaliação, pois ainda estão vinculados a uma investigação americana da seção 232, o que pode levar à futura aplicação de tarifas.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) criou um comitê de crise para buscar medidas junto aos governos estadual e federal. Entre as ações estão pedidos de flexibilização tributária, renegociação de contratos e apoio ao comércio exterior. O setor produtivo também acompanha com atenção o cenário diplomático, diante da possibilidade de novas tarifas ou retaliações por parte dos Estados Unidos.