Ação apura facilitação de entrada de objetos ilícitos por servidor público em troca de dinheiro
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (Gaeco) e a Corregedoria da Polícia Penal realizaram uma operação nesta quarta-feira, 28, para desarticular um esquema criminoso envolvendo um servidor público e detentos do Presídio Estadual de São Borja.
O policial penal estava recebendo valores em dinheiro para permitir o ingresso de drogas, celulares e outros objetos ilícitos nas celas. Foram constatadas irregularidades em pelo menos duas situações.
A operação foi deflagrada em São Borja, Itaqui e também em Farroupilha, na casa de uma mulher envolvida no esquema, segundo o MP.
Cerca de 80 agentes do Gaeco, Polícia Penal e da Brigada Militar cumpriram oito mandados de busca e apreensão, além da quebra de sigilos telemáticos, pessoais e informáticos, bem como bancário e fiscal. A operação e a investigação foram conduzidas pelo promotor de Justiça João Afonso Beltrame.
O policial penal investigado foi conduzido para a Delegacia de Polícia para averiguação, devido a quantidade de drogas encontrada em sua residência, e depois foi liberado. Ainda, foi cumprido o mandado de afastamento das funções solicitado pelo MP durante a investigação. O investigado também será afastado administrativamente pela Polícia Penal. No presídio, foram recolhidos celulares e drogas nas celas dos dois apenados também alvo da operação.
ESQUEMA CRIMINOSO
De acordo com João Beltrame, o policial penal estava beneficiando uma facção criminosa da Fronteira Oeste. Os apenados investigados são líderes deste grupo e também da galeria onde estão no presídio. Eles têm envolvimento em crimes como homicídio, extorsão, corrupção, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. O objetivo nesta quarta foi cumprir a decisão de afastamento cautelar do policial penal investigado, bem como apreender celulares, documentos e mídias para obter mais provas do esquema e verificar se há a participação de mais criminosos envolvidos, encontrar objetos ilícitos que ingressaram na casa prisional e delimitar por quanto tempo esta prática ilegal estava ocorrendo. Se sabe, até agora, que acontecia há pelo menos um ano.
Os crimes apurados são: integrar organização criminosa, corrupção ativa e passiva. Em relação às ordens judiciais, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em São Borja, sendo três na penitenciária e outros dois em residências de investigados. Houve também outros dois mandados de busca em Itaqui, na casa e veículo de uma mulher ligada aos suspeitos e mais um em Farroupilha, na casa de outra mulher envolvida no esquema.
FLAGRANTE
João Beltrame destacou que a investigação iniciou após informações repassadas ao Gaeco pela Corregedoria da Polícia Penal. Em novembro do ano passado, o servidor público foi flagrado por imagens de câmeras de segurança recebendo dentro da cadeia um envelope dos dois apenados alvos dos mandados judiciais desta operação.
Após apuração interna da própria penitenciária, suspeitou-se que o envelope continha dinheiro. Em abordagem ocorrida logo depois do fato, o policial penal estava com cerca de R$ 1 mil nos bolsos do uniforme, situação considerada suspeita e, por isso, retratada à direção do presídio e, posteriormente, ao MP. A investigação do Gaeco também apurou que o investigado também manteve contatos suspeitos com outros apenados e com pessoas de fora do estabelecimento prisional, ligadas a ações criminosas.
Créditos: MP