Elas ressaltam que a prática só estimula a intolerância religiosa
As mães de santo Paula da Padilha e Sandra de Yemanjá, do Terreiro Nação Umbanda e Quimbanda de Farroupilha, procuraram a Rádio Spaço FM nesta quinta-feira, 28, para repudiar a depredação e os atos de sacrifício de animais registrados no Cemitério Público Municipal. Segundo Paula, tais práticas não representam a religião de matriz africana e contribuem apenas para o preconceito e a intolerância religiosa.
O construtor de capelas Luiz Antônio Muller acionou a reportagem após encontrar oferendas e restos de animais nos fundos do cemitério, pela Rua Jacinto Capelleti. No local, havia duas cabeças de bode com corpos esquartejados, um feto possivelmente desses animais, além de restos de comida, frutas, velas e outros objetos. Uma das capelas também foi depredada, com a porta de vidro destruída e a imagem de um santo quebrada em três partes.
Paula afirmou que a ação mostra total despreparo e desrespeito de quem a praticou. “Essa situação não tem relação com a nossa religião. Nós cultuamos a ancestralidade com seriedade e respeito, e o cemitério é um campo santo, não um local para depredações”, declarou. Ela explicou que, dentro da religião, oferendas podem ocorrer em cemitérios, mas sempre com cuidado, incluindo velas, bebidas e alimentos, sem causar danos ou deixar restos.
“É uma forma de agradecer ao nosso povo, buscar saúde e paz, sempre respeitando os espaços e os ancestrais”, acrescentou. Sandra de Yemanjá complementou que a sacralização de animais, prática legal e regulada dentro da religião, é diferente de sacrifício.
Procurado pela reportagem, o delegado Fernando Cruz Alexandre salientou que não houve registro da ocorrência. No entanto, ele afirmou que a Polícia Civil já tem conhecimento do caso e está tomando as devidas providências.