Oderich palestrou em evento do Projeto Pai Presente
Na noite desta quinta-feira, 7, o palestrante Luiz Fernando Oderich participou do Fim de Expediente da Spaço FM, ao lado da promotora de Justiça de Farroupilha, Cláudia Fôrmolo. A entrevista antecedeu a palestra de Oderich no Centro Empresarial Adelino Colombo, em evento promovido pelo Projeto Pai Presente, que celebra oito anos de atuação no município.
Oderich, conhecido por seu trabalho voltado à análise de causas sociais da criminalidade, abordou a importância da presença paterna na formação dos filhos como fator crucial para a redução da violência. O palestrante foi um dos idealizadores do Projeto Pai Presente em Farroupilha, iniciativa que surgiu após sua primeira visita à cidade, oito anos atrás.
Durante a entrevista, Oderich reafirmou seu posicionamento crítico em relação às abordagens convencionais sobre segurança pública, que, segundo ele, negligenciam a questão familiar. “A educação que realmente muda um país é aquela que vem de casa. A ausência do pai está diretamente ligada a índices de criminalidade, e os dados comprovam isso”, afirmou.
Oderich cobra Judiciário e diz que impunidade alimenta a criminalidade no Brasil
A entrevista foi encerrada com um testemunho pessoal e comovente do palestrante, que perdeu o filho único para a violência. “É uma bomba atômica emocional. Eu fui derrotado por esse assunto. Não tem o que dizer”, disse, emocionado.
Oderich direcionou duras críticas ao sistema judiciário brasileiro, especialmente quanto à atuação de magistrados que, segundo ele, adotam interpretações ideológicas e garantistas das leis, contribuindo para um cenário de impunidade generalizada. “Há um desequilíbrio evidente. A vítima é esquecida, enquanto o criminoso vira foco de toda a atenção e proteção do sistema”, afirmou o palestrante. Confira vídeo onde ele fala sobre a situação no Brasil:
Para ilustrar esse argumento, Oderich citou um caso recente em que um juiz devolveu armas apreendidas a um traficante sob a justificativa de que seriam “ferramentas de trabalho”. Para ele, situações como essa não são falhas legais, mas sim distorções interpretativas motivadas por visões ideológicas. “Isso não é culpa da lei, é culpa do juiz que interpreta a lei com base em convicções pessoais. Isso tem nome: impunidade institucionalizada”, criticou.
Ele argumentou ainda que o sistema penal brasileiro falha em um de seus objetivos principais: retirar pessoas perigosas do convívio social. “É claro que se prende para tentar reabilitar, mas também se prende para proteger a sociedade. Um estelionatário solto volta a cometer o mesmo crime no dia seguinte. Um traficante solto volta ao tráfico. A conta é simples”, disse.
Oderich citou o economista Gary Becker, Prêmio Nobel de 1992, que tratou o crime como uma atividade racional com base em custo-benefício. Segundo essa lógica, quanto menor a chance de punição, maior o incentivo à criminalidade. “Se a probabilidade de ser preso é zero, o custo do crime também é zero. O criminoso só vê os benefícios. E isso é exatamente o que está acontecendo no Brasil”, alertou.
Apesar das críticas, ele destacou que o problema não está apenas na legislação, mas na forma como ela é aplicada. “O Brasil tem leis, mas elas não são levadas a sério. Existe uma cultura de leniência que enfraquece a justiça. É preciso coragem para aplicar a lei como ela foi pensada, e não como alguns desejam que ela seja”, disse.
Ao final da entrevista, Oderich fez um apelo direto aos juízes do país: “Olhem-se no espelho. Perguntem-se se a decisão que tomaram foi justa para a sociedade ou apenas confortável dentro da bolha jurídica. Porque, do lado de fora, as consequências são reais.”