Unidade realizou mutirão com cinco cirurgias pelo SUS e mantém rotina de dois procedimentos semanais
O Hospital São Carlos, de Farroupilha, é um dos três centros de referência no Rio Grande do Sul para cirurgias de correção de escoliose infantojuvenil. Até esta sexta-feira, 15, a instituição realiza um mutirão com cinco procedimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), envolvendo cerca de 35 profissionais em etapas pré e pós-operatórias. A ação integra o Programa Escoliose, iniciativa do governo do Estado em parceria com o Tribunal de Justiça do RS, que prevê cerca de 30 cirurgias até o fim de 2025.
Coordenadas pela equipe de neurocirurgia do hospital, sob responsabilidade do médico Asdrúbal Falavigna, as cirurgias são consideradas as maiores dentro da traumato-ortopedia. Segundo o especialista, os procedimentos podem durar de seis a oito horas, exigindo preparo e monitoramento neurológico avançado durante toda a operação. “Temos todas as condições para realizar esse tipo de cirurgia com segurança, desde o suporte anestésico até tecnologias modernas de acompanhamento da medula e dos nervos”, destacou.
Durante as operações, o hospital aplica uma técnica inovadora: a terapia celular com células-tronco extraídas do quadril do paciente. O objetivo é acelerar a cicatrização óssea e muscular, garantindo melhor recuperação no pós-operatório. “Não é só galeto e polenta que temos na região. Aqui também há ciência de ponta”, afirmou Falavigna. A escoliose é uma curvatura lateral da coluna, que pode ter formato de “C” ou “S” e afetar regiões lombar, torácica ou cervical. A condição pode gerar dores, alterações posturais e impactos psicológicos, especialmente entre crianças e adolescentes, muitas vezes vítimas de bullying. O tratamento cirúrgico é indicado para casos graves, que apresentam curvaturas significativas e risco de piora com o tempo.
Além do mutirão, o Hospital São Carlos mantém uma rotina de cerca de dois procedimentos semanais para reduzir a fila de espera no SUS. A expectativa, conforme Falavigna, é realizar novos mutirões a cada dois ou três meses. “Estamos preparados para atender com qualidade e garantir que o paciente retome sua vida normalmente, com orientações claras sobre o que pode ou não fazer após a cirurgia”, reforçou. O Programa Escoliose prevê não apenas o tratamento, mas também ações educativas para pacientes e familiares, desmistificando crenças sobre a condição e incentivando a prática de atividades físicas, como musculação, pilates e natação, no processo de reabilitação.