Presidente do CIC Bento Gonçalves acredita em negociação entre o governo brasileiro e o americano
Empresários de Bento Gonçalves acompanham com apreensão os desdobramentos das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, diante da possibilidade de novas barreiras que podem afetar diretamente as exportações. A preocupação atinge, principalmente, os setores moveleiro e metal-mecânico, que mantêm relações pontuais, mas significativas, com o mercado norte-americano.
Segundo o presidente do CIC Bento Gonçalves, Carlos Lazzari, o setor moveleiro da cidade possui, em média, 16% do faturamento de exportações voltado aos Estados Unidos. “Não são todas as empresas, mas algumas pontuais chegam a esse patamar. Há indústrias com lojas exclusivas e centros de distribuição em território americano”, explicou.
Além dos móveis, o setor metal-mecânico também sente os efeitos da instabilidade. “Esse segmento gira em torno de 12% a 15% de exportações para os EUA. São números médios e, novamente, não representam todas as indústrias, mas uma parcela expressiva que já começa a se preocupar”, acrescentou Lazzari.
Caso as barreiras se confirmem a partir de 1º de agosto, o impacto poderá ser significativo. “Perder 16% do faturamento, mesmo que pontualmente, é um baque. Recolocar esse volume em outros mercados é possível, mas apenas a longo prazo, não no curto”, pontuou.
Apesar da preocupação, o cenário ainda é de expectativa. Carlos Lazzari descarta, por ora, medidas mais drásticas. “Ainda não se fala em férias coletivas ou demissões. Felizmente, não temos empresas em Bento que dependam em 50%, 60% ou mais das exportações para os Estados Unidos. Isso nos dá um certo fôlego”, avaliou.
A esperança é por uma solução diplomática. “Acreditamos que pode haver uma negociação nas próximas semanas entre o governo brasileiro e o americano. Já vimos os Estados Unidos negociando com países como Japão e Finlândia. Quem sabe, isso também se estenda ao Brasil”, finalizou.