“A justiça falhou com nossos filhos; é impossível aceitar esta redução das penas”, lamenta mãe de farroupilhense que morreu na Boate Kiss

Rosaura salientou que a dor da perda será permanente

A farroupilhense Rosaura Paraboni, mãe de Ricardo Paraboni Custódio, morto na tragédia da Boate Kiss, lamentou a decisão da 1ª Câmara Especial Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que reduziu as penas dos quatro condenados. “A justiça falhou com nossos filhos; é impossível aceitar esta redução das penas”, desabafou. Para Rosaura, a decisão representa um descaso e um desrespeito diante da magnitude da tragédia. Ela lembrou que os réus, que tiveram suas penas reduzidas para 11 e 12 anos, praticamente não cumpriram o tempo necessário para refletir sobre o ocorrido, podendo solicitar progressão de regime e liberdade condicional em breve.

A mãe relatou ainda os momentos de dor vividos no dia do incêndio, ocorrido em 27 de janeiro de 2013, quando 242 pessoas morreram e outras 636 ficaram feridas. “São 12 anos e sete meses desde aquela noite, mas a ferida nunca cicatriza. Muitos pais, mães e familiares não suportaram a dor e houve casos de suicídio”, lembrou Rosaura. A decisão do tribunal foi unânime e seguiu o voto da relatora, desembargadora Rosane Wanner da Silva Bordasch, que aceitou parcialmente os pedidos das defesas, mantendo, porém, a validade do júri. As defesas de alguns réus já informaram que poderão recorrer ao STJ, enquanto outros ainda não se manifestaram.

Rosaura reforçou que, apesar da possibilidade de novos recursos, o sentimento de injustiça permanece. “O que aconteceu não volta mais, mas a lembrança e a dor ficam. Nenhuma redução de pena muda isso”, concluiu.

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