Diretor do Grupo Bigfer critica omissão diante da taxação de 50% sobre móveis brasileiros exportados para o mercado norte-americano
O diretor do Grupo Bigfer, Mauricio Alexandrini, criticou a postura do governo brasileiro frente à decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre a importação de móveis fabricados no Brasil. Em entrevista à Rádio Spaço FM, ele afirmou que a medida, que entrou em vigor nesta quarta-feira, 6, ameaça diretamente a competitividade de diversas indústrias exportadoras. “Nosso governo não está muito afim de resolver e aí ficou todo mundo esperando para ver o que dá”, declarou Alexandrini, destacando que o setor moveleiro foi excluído da lista de exceções concedidas pelos Estados Unidos. Ele cita que segmentos como o de minério de ferro e parte da indústria agrícola foram poupados, ao contrário do setor de móveis, calçados e outros produtos manufaturados.
Apesar de o volume total de móveis brasileiros exportados aos EUA não ser expressivo em nível nacional, Mauricio alertou para o impacto direto em setores que têm o mercado norte-americano como destino prioritário. “Tem empresas que exportam mais da metade da produção para lá, tem gente que trabalha dedicado para os Estados Unidos, tem gente que abriu loja lá”, exemplificou. Segundo o diretor, algumas dezenas de indústrias devem ser fortemente afetadas, especialmente aquelas com estrutura voltada para a exportação direta ao país. “Vai ter impacto, menos imposto arrecadado, menos emprego gerado, menos renda no Brasil, infelizmente”, lamentou.
Ele ainda destacou que, diante da falta de reação do governo federal e da imprevisibilidade do cenário internacional, alguns negócios já estão buscando alternativas logísticas para continuar exportando, como o redirecionamento da produção para o México, com reembalagem e posterior envio aos EUA. Mesmo assim, Alexandrini acredita que o impacto mais grave será localizado. “Penso que regionalmente a gente vai ter problemas. Tem algumas regiões que têm uma exportação mais forte e aí talvez pontualmente vai ter municípios, por exemplo, que vão sofrer com isso. Mas, de um modo geral, o brasileiro, na média, não vai sentir”, afirmou.
Ao citar outras indústrias atingidas, como a Tramontina e a Taurus, que têm forte dependência do mercado americano, o dirigente destacou que a taxação de 50% inviabiliza negócios. “Vamos combinar, 50% inviabiliza qualquer negócio”, reforçou. Ainda que o Grupo Bigfer não esteja entre as empresas mais impactadas, Mauricio reconheceu que a medida vai frear o crescimento das exportações. “A gente gostaria de ver a exportação crescendo, progresso acontecendo, seria bom para todo mundo”, concluiu.