Montante compraria 1.320 ambulâncias, quase quatro vezes mais do que as previstas pelo governo federal
O Sistema Único de Saúde (SUS) gastou R$ 449 milhões em 2024 com internações de vítimas de acidentes de trânsito no Brasil. O dado faz parte de um levantamento inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos registros do Datasus. Com esse valor, seria possível adquirir 1.320 ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) — cerca de 50 por estado. O número representa quase quatro vezes mais do que o previsto no Novo PAC Saúde, que prevê a entrega de 350 ambulâncias para atender 5,8 milhões de pessoas em todo o país.
De acordo com o estudo, a compra das 1.320 unidades aumentaria significativamente a capacidade de resposta do Samu, alcançando cerca de 22 milhões de brasileiros — quase quatro vezes a cobertura estimada com os recursos do programa federal. Os custos hospitalares com acidentados no trânsito seguem em crescimento. Desde 1998, o aumento real nas despesas ultrapassa 50%, segundo o Ipea. Especialistas alertam que medidas de prevenção, como campanhas educativas e melhorias na infraestrutura viária, poderiam reduzir esses índices e abrir espaço para mais investimentos em outras áreas da saúde.
Além do aumento nos gastos, o SUS enfrenta outra dificuldade: desde 2021, não recebe mais os repasses do seguro obrigatório Dpvat, que foi extinto. Até então, o seguro direcionava 45% da arrecadação — mais de R$ 580 milhões anuais — para cobrir os custos médico-hospitalares de vítimas de sinistros em todo o país.