Caso aconteceu em agosto de 2023; vítima morreu após passar mais de dois meses com material cirúrgico dentro do corpo
O Ministério Público denunciou nesta quarta-feira, dia 24 de julho, um médico obstetra acusado de deixar uma gaze no corpo de uma mulher durante uma cirurgia de cesárea no hospital de Parobé, no Vale do Paranhana. A vítima, Mariane Rosa da Silva Aita, 39 anos, morreu no dia 23 de agosto de 2023. Ela ficou cerca de dois meses com a gaze dentro do corpo.
Mariane deixou seis filhos, sendo um deles, o bebê recém-nascido. A cirurgia de cesárea ocorreu no dia 12 de junho do ano passado. Dois dias depois, a mulher recebeu alta do hospital e, dois meses depois, procurou novo atendimento médico devido a dores abdominais.
Conforme a denúncia da promotora de Justiça Sabrina Cabrera Batista Botelho, é imputado ao médico o crime de homicídio culposo, sem intenção de matar, durante o exercício da profissão. Por este fato e por entender se tratar de “comportamento extremamente reprovável, incompatível com o propósito da medicina e danoso à coletividade”, ela requereu medida cautelar de suspensão do exercício da atividade cirúrgica pelo denunciado. Além disso, em caso de deferimento, que sejam comunicados o Conselho Regional de Medicina (Cremers) e o hospital de Parobé onde a vítima morreu – e que também passou por novos procedimentos cirúrgicos meses depois do parto para retirada da gaze.
A promotora Sabrina Botelho também denunciou o obstetra por falsidade ideológica: “no exercício da medicina, omitiu, em documento público, declaração que dele devia constar, com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”. Segundo ela, este fato ocorreu no dia 15 de agosto, após o profissional omitir no prontuário médico da paciente, em nova cirurgia, a localização e a retirada da gaze do corpo de Mariane. A causa da morte foi sepse abdominal, causada por infecção, e insuficiência renal aguda. Sabrina Botelho ainda destaca que, em favor dos sucessores da vítima, seja fixado valor para reparação de danos.